"A história é a filosofia inspirada nos exemplos."
Dionísio de Halicarnasso

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Dr. Vital Salvino Ottoni

Pouco ainda se sabe sobre a vida pessoal do ilustre brasileiro Vital Salvino Ottoni. Entre as valiosas informações, consta que ele nasceu em Setubinha, Minas Gerais, no dia 28 de abril de 1897.

Engenheiro civil, empresário e político, teve forte presença em Itambacuri – cidade onde fez história. Era casado com Dulce de Albuquerque Werneck. Morreu em Belo Horizonte no dia 23 de setembro de 1972. Anos depois, também Dona Dulce viria a falecer.

História

Tendo se formado engenheiro pela Escola de Engenharia de Belo Horizonte, Dr. Vital exerceu sua profissão na capital mineira, onde chegou a constituir uma empresa sediada na avenida Amazonas. A firma prestou serviços de engenharia na capital e em outras regiões do país. Há registros de trabalhos seus, feitos para empresas como Vale do Rio Doce e Cemig, por exemplo.

Dr. Vital teria chegado a Itambacuri na época da construção da rodovia hoje denominada BR-116, para supervisionar o trecho entre as cidades de Figueira (atual Governador Valadares) e Teófilo Otoni, na qualidade de engenheiro civil responsável pelas obras.

Posteriormente ele se destacou na cidade como empresário, proprietário da Itambacury Industrial Ltda – empresa que atuava no beneficiamento de produtos agrícolas da região, como o arroz e o café. Em gleba no entorno da cidade desenvolveu o plantio de cana-de-açúcar para a produção de rapadura e o fabrico de aguardente, atividades depois transferidas para sua fazenda no município de Campanário, MG. A aguardente era da marca Indígena, muito apreciada pelos consumidores desse tipo de produto. 

Ao centro, a cachaça Indígena, produzida por Dr. Vital
Em Itambacuri Dr. Vital atuou na instalação de luz elétrica, dando início à dispensa pelos moradores dos lampiões de querosene.  Foi confrade na Conferência Vicentina de Itambacuri, instituição da qual se tornou presidente no dia 19 de junho de 1949, para a quarta diretoria. No mesmo período, Dr. Firmato foi escolhido diretor do Hospital São Vicente de Paulo. A gestão de Dr. Vital frente à instituição durou até o dia 24 de junho de 1951.

Imagens do engenho de Dr. Vital
Administração em Itambacuri

A administração de Dr. Vital é considerada uma das mais importantes da história de Itambacuri. Personagem famoso pelo carisma, é também muito lembrado pela competência na administração pública, sendo o articulador de muitos projetos e obras que beneficiaram a comunidade itambacuriense. Foi prefeito da cidade entre 1951 e 1955.

Familiares contam que Dr. Vital era amigo de Juscelino Kubitschek (que foi governador de Minas na mesma época em que Dr. Vital foi prefeito) e até teria sido convidado por ele para trabalhar na nova capital do país, Brasília, em cargo político. Vital declinara do convite.

Como administrador público, são creditados a Dr. Vital a ampliação da cidade através da abertura de loteamentos – como o do bairro Várzea; e a construção de estradas de rodagem para São José do Divino, Guarataia, Frei Serafim e São José do Fortuna.

Foi o prefeito da inclusão de Itambacuri nos planos do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) – responsável por melhorias na saúde e pela realização do tratamento de água na cidade. Os méritos deste trabalho são atribuídos a uma ação conjunta com Dr. Firmato e com o vereador Wilson Lago Pinheiro.

Recorte de telegrama enviado por Dr. Vital ao presidente Getúlio Vargas, publicado no Diário Oficial da União do dia 3 de outubro de 1953
 Foi Dr. Vital quem tomou todas as providências para a aquisição do terreno onde viria a ser construído o Campo de Aviação no município. Foi ele também quem trabalhou firme para  obter a necessária autorização do Governo do Estado para o início das obras desse aeroporto, que depois de concluído servia a Itambacuri, Teófilo Otoni, Governador Valadares e cidades próximas.

A esposa de Dr. Vital, Dona Dulce Werneck, também foi  figura bastante conhecida em Itambacuri, principalmente em razão de suas ações sociais em benefício dos mais necessitados. Ela desempenhava bem as funções normalmente incumbidas à esposa de um executivo municipal à época, como atividades de filantropia.

Nos períodos de férias escolares Dona Dulce costumava abrir sua casa para propiciar alguns momentos de lazer a crianças de famílias de trabalhadores conhecidos dela. A meninada ficava fascinada com as grandes árvores, os bem cuidados jardins da casa e  com a companhia da cadela Aloma nos folguedos.

As itambacurienses Delza, Rosely e Glorinha entre meninas de BH. Ao chão, a cadela Aloma
Dona Dulce tocava piano muito bem e costumava ensinar canções infantis à criançada. Nalgumas dessas vezes, lá se juntavam nas brincadeiras também algumas crianças parentas de Dona Dulce, vindas de Belo Horizonte para passar férias na casa, e elas se divertiam bastante.  

Fontes

- Entrevista realizada com Marta Werneck, sobrinha de Dr. Vital, em 2011.
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. Capítulo XXVIII - Novos Tempos. Editora Brasiliana, 1973.
- Revista Itambacury Ano 100. Publicação independente, 1973. 

Agradecimento

A Itypédia agradece à Dra. Romy Cristhine Soares Valadares pelas informações prestadas.