Delza de Castro Neves nasceu em Itambacuri no ano de 1936.
Foi secretária, monitora e coordenadora regional da ACAR, Associação de Crédito e Assistência Rural de Minas Gerais, continuando suas atividades na EMATER-MG (que sucedeu a ACAR) até agosto de 1986, quando se aposentou.
Cursou parte do ensino fundamental em Itambacuri, e o concluiu num internato de freiras em Juiz de Fora, MG.
Delza começou a trabalhar na ACAR aos 19 anos de idade por ter passado num concurso público realizado em 1956.
Delza começou a trabalhar na ACAR aos 19 anos de idade por ter passado num concurso público realizado em 1956.
A Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR), fundada em Minas em 1948, era uma entidade civil sem fins lucrativos que prestava serviços de extensão rural e ensinava pequenos produtores a elaborar projetos técnicos com vistas a obterem financiamentos.
Além de Minas, outros estados brasileiros também criaram associações similares à ACAR. Tais associações trabalhavam para introduzir no meio rural novas técnicas de agricultura, auxiliar a economia doméstica, incentivar a organização do conhecimento científico dos centros de ensino e sua aproximação aos produtores rurais.
Pouco menos de dois anos após seu ingresso na ACAR, Delza obteve dessa associação uma bolsa de estudos para cursar Administração do Lar na Universidade Rural de Minas Gerais (UREMG), que mais tarde se tornaria Universidade Federal de Viçosa.
Os conhecimentos adquiridos em Viçosa passaram a ser postos em prática nos treinamentos e palestras ministrados aos trabalhadores atendidos pela ACAR. Delza coordenava um setor formado somente por mulheres, responsáveis por ensinar técnicas aplicáveis à administração e economia domésticas.
Eram ministradas oficinas de produção de conservas, doces, salgados, compotas, limpeza e higiene, aproveitamento de alimentos, produção de biscoitos caseiros e otimização de todo o tipo de recursos disponíveis nas regiões atendidas.
A ACAR procurava conhecer inovações para repassá-las aos produtores. Já na década de 60, por exemplo, ensinava como produzir leite de soja – produto que só se popularizou recentemente.
Os monitores da ACAR eram continuamente treinados em novas técnicas por meio de cursos em Minas e noutros estados, para mais e melhor difundirem tais aperfeiçoamentos no meio rural.
Delza, por exemplo, se deslocou certa vez até o Acre, onde participou de seminário para troca de informações sobre extensão rural. Houve convite para trabalhar por lá.
No ano de 1975 a ACAR deixou de existir e suas atividades foram assumidas pela EMATER - empresa pública estadual vinculada à Secretaria de Agricultura. Os serviços que a ACAR prestava, juntamente com seu pessoal, foram incorporados pela nova instituição. Delza e outros funcionários passaram então a fazer parte dos quadros da EMATER-MG.
Os 30 anos dedicados à assistência rural trazem hoje boas lembranças e a sensação do dever cumprido – diz Delza, que se orgulha de ter contribuído para disseminar seus conhecimentos em muitas comunidades de Minas.
Ela relembra que certa vez, já aposentada, voltando de viagem pela BR-116, viu uma barraca onde eram vendidos doces caseiros. Parou o carro e foi até lá. Viu que eram ofertadas geléias e compotas de frutas.
Assim que a dona da barraca olhou para Delza, a identificou como uma das ministradoras dos cursos na época da EMATER, e tal reconhecimento foi uma grata surpresa para ambas.
A mulher teceu elogios e agradeceu pelo conhecimento adquirido. Aproveitou também para dizer que as técnicas aprendidas lhe serviam para gerar renda e ajudar no sustento da família.
Delza acredita que uma das missões tanto da EMATER quanto da antiga ACAR, pela qual todo o corpo de funcionários se empenhava, era mesmo a de promover a disseminação de conhecimentos práticos e úteis para benefício das famílias de regiões rurais.
Os conhecimentos adquiridos durante a vida profissional tiveram aplicação prática valiosa inclusive no meio onde hoje Delza vive. Ela é bastante admirada pela sua habilidade em fazer doces (especialmente compotas e doces cristalizados), licores, bordados, e culinária diversificada.
Quando se aposentou, Delza recebeu ofertas para trabalhar noutros municípios, mas preferiu morar em Itambacuri para dedicar-se com exclusividade a cuidar do Sr. Domingos e de D. Augusta, seus pais, que já estavam com idade avançada.
Hoje em dia Delza é uma entusiasmada participante de um Grupo da Melhor Idade existente em Itambacuri, que promove eventos bastante concorridos na cidade, além de excursões pelo país afora.
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