"A história é a filosofia inspirada nos exemplos."
Dionísio de Halicarnasso

domingo, 26 de agosto de 2012

Rua Dr. Carlos Prates

Dr. Carlos Prates foi um engenheiro, professor e funcionário público mineiro. Teve grande importância para Itambacuri desde a época do aldeamento indígena,  que acompanhou até que se tornasse colônia agrícola e, em seguida, distrito. Atualmente, há na cidade uma rua que leva seu nome, em homenagem aos serviços prestados.

Vista da Rua Dr. Carlos Prates no ano de 1938.
A Rua Dr. Carlos Prates é uma das mais tradicionais de Itambacuri. Era conhecida como rua do “footing”: uma atividade na qual as pessoas faziam um tipo diferenciado de caminhada e tinham a oportunidade de conhecer (ou simplesmente ver) outras pessoas – servindo também como pretexto para uma modalidade antiga de flerte. Os passeios eram onde os jovens da época podiam se mostrar e até paquerar um pouco.

A Rua abrigava um dos cinemas que já existiram na cidade. O prédio, anos depois, se tornou a Danceteria New Graphitte – que fez sucesso por muitos anos, mas não está mais em atividade.

Mas sem dúvida um dos locais mais famosos era a Boate Hi-Fi, que fez história na sociedade itambacuriense.

Algumas famílias muito conhecidas na cidade ainda têm representantes por lá. Como exemplo, podemos citar os descendentes de libaneses das famílias Ali, Bessa e Abu Kamel; os Marques (filhos do senhor José Marques ou “Zé de Teófilo”), os Lamari, os Lopes, entre outros.

Tão importante quanto saber sobre a rua é saber por que ela tem o nome do Dr. Carlos Prates. Abaixo, um texto que associa o nome à historia de Itambacuri.

Biografia - Dr. Carlos Prates

Carlos Leopoldo Prates nasceu em Montes Claros, no dia 21 de dezembro de 1864. Formou-se Engenheiro Civil e de Minas pela Escola de Minas de Ouro Preto (EMOP) em 1890, assumindo em seguida o cargo de Químico da Comissão de Estatística, no primeiro mandato de João Pinheiro da Silva como Presidente do Estado de Minas Gerais. Desenvolveu atividades industriais e dirigiu uma empresa de mineração em Caeté - MG.

Atuou como professor de matemática no Liceu de Artes e Ofícios de Ouro Preto na virada do século.

Foi engenheiro do Estado, Inspetor Geral de Terras e Colonização e, em 1907, assumiu a direção da recém-criada diretoria de Agricultura, Comércio, Terras e Colonização, organizada por João Pinheiro da Silva – onde trabalhou também com Francisco Sá.

Foi um dos fundadores da Escola Livre de Engenharia de Belo Horizonte e professor de Química Teórica e Prática na instituição. A Escola Livre viria a se tornar a Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais – EEUFMG.

Além de Carlos Prates, são lembrados por esta iniciativa: Agostinho de Castro Porto, Álvaro Astolfo da Silveira, Antônio do Prado Lopes, Arthur da Costa Guimarães, Benjamim Franklin Silviano Brandão, Benjamim Jacob, Cipriano de Carvalho, Fidelis Reis, Joaquim Francisco de Paula, Joaquim Júlio de Proença, José Gonçalves de Souza, Lourenço Baêta Neves, Pedro Demóstenes Rache e Pedro da Nóbrega Sigaud.


Fundadores da EEUFMG. Ainda não foi possível indentificar qual deles é o Dr. Carlos Prates.
Faleceu em 6 de fevereiro de 1914, em Belo Horizonte, quando ainda exercia o cargo de diretor de Agricultura.

Inspetoria de Terras - Itambacuri

No ano de 1893, Carlos Prates ocupava a Inspetoria de Terras e Colonização – que funcionava sob a coordenação da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas - esta sob a direção do Dr. Francisco Sá.

Em 1894 Carlos Prates realizou uma visita de inspeção ao aldeamento de Itambacuri. A visita deu origem a um relatório de grande importância para a história da cidade e para os objetivos dos frades colonizadores, uma vez que ajudou a rebater denúncias feitas contra os fundadores e calúnias sobre o estado em que se encontrava o aldeamento.

Após a publicação do referido relatório, uma das primeiras medidas tomadas pela Inspetoria de Terras e Colonização foi conferir o título de diretor efetivo do aldeamento a Frei Serafim, e o de vice-diretor a Frei Ângelo – por meio do ato nº 20, de 27 de outubro de 1894.

A relação entre Carlos Prates, Francisco Sá e os diretores do aldeamento trouxe benefícios para a região. Para ali foram sendo canalizados recursos com vistas à realização de obras de infra-estrutura, dada a necessidade de impulsionar a lavoura, para o que seria necessário atrair mão-de-obra para Itambacuri e adjacências, o que viria a ser mais facilmente obtido se Itambacuri deixasse de ser enquadrado pelo Estado como  aldeamento, passando a ser colônia agrícola.

Mais uma vez, foi um relatório produzido por Carlos Prates que deu suporte a essa transformação. O relatório também recomendava a manutenção de frei Serafim e frei Ângelo nos respectivos cargos de diretoria.

Carlos Prates foi um dos principais responsáveis pela elevação de Itambacuri ao status de “distrito de paz”, o que se deu pela lei 556 de 30 de agosto de 1911, conferindo a Itambacuri maior autonomia política e administrativa, e demarcando os limites do novo distrito.

Sua atenção com o aldeamento ajudou na consecução de recursos fundamentais para o desenvolvimento da região. Através dos relatórios produzidos nas visitas do Dr. Carlos Prates a situação em Itambacuri pôde ser mais acompanhada pelos  políticos da época.

Como engenheiro também teve reconhecimento na capital de Minas, Belo Horizonte, onde há um bairro e um aeroporto que levam seu nome. 

Fontes

- Arquivo - 100 Anos de História da Escola de Engenharia da UFMG. Texto disponível AQUI.
- PALAZZOLO, Frei Jacinto de. Nas Selvas dos Vales do Mucuri e do Rio Doce. Editora Nacional, 1973.
- VERSIEUX, Daniela Pereira. Modernização e Escolarização do Trabalho Agrícola: as fazendas-modelo em Minas Gerais (1906-1915). Cefet - MG, 2011.

Um comentário:

  1. Carlos Leopoldo Prates,foi um dos assinantes do 1º Manifesto Republicano,realizado na Cidade de Ouro Preto em 15 de Novembro de 1888.

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